Expandir os limites do seu negócio pode ser mais simples do que parece, especialmente quando você aposta em um setor com alto potencial estratégico. Criar uma empresa de importação e exportação oferece oportunidades reais de crescimento ao permitir que produtos brasileiros cheguem a mercados globais e, ao mesmo tempo, facilitando a entrada de itens estrangeiros no país.
Se a sua meta é conquistar novos mercados além das fronteiras nacionais, investir em importação e exportação pode ser o caminho ideal. Esse modelo de negócio permite ampliar o alcance global da sua empresa, reduzir a dependência da economia local, diversificar o portfólio com produtos diferenciados e ainda aproveitar variações cambiais e incentivos fiscais oferecidos em outros países. Mais do que isso, ele abre portas para parcerias estratégicas internacionais e fortalece a resiliência do seu negócio frente às oscilações do mercado.
Neste guia, você vai entender o que faz uma empresa de importação e exportação, quais são os principais modelos de atuação no Brasil, porque investir nesse setor e o passo a passo para abrir seu próprio negócio.
O que faz uma empresa de importação e exportação
Empresas de importação e exportação atuam como elo entre fabricantes e compradores em diferentes países. Seu papel é viabilizar a entrada ou a saída de produtos do Brasil, atuando como intermediárias no comércio exterior para garantir que exigências logísticas, alfandegárias, legais e comerciais de cada operação sejam cumpridas. Sua função é conectar fornecedores e consumidores através de operações comerciais estruturadas.
Muitas operam no modelo business-to-business (B2B), negociando diretamente com outras empresas. Outras apostam em canais de venda direta ao consumidor (D2C), como e-commerces internacionais. Na exportação direta, o empreendedor vende seus produtos diretamente a compradores estrangeiros. Já na exportação indireta, um intermediário nacional cuida da documentação e logística de envio. Essa é uma opção com menos riscos para quem está começando.
Por que investir em uma empresa de importação e exportação
Investir em uma empresa de importação e exportação é uma forma inteligente de diversificar os canais de receita e posicionar sua marca em um cenário global. Com o aumento da digitalização e da demanda por produtos exclusivos, o comércio internacional se tornou uma rota viável para pequenos e médios empreendedores.
Ao operar fora do mercado doméstico, é possível explorar nichos com menos concorrência, ampliar a cartela de clientes e proteger o faturamento contra oscilações econômicas locais.
Outros benefícios incluem:
- Acesso a mercados globais: vendendo para diferentes regiões, é possível diversificar riscos e expandir seu alcance.
- Demanda por produtos exclusivos: consumidores valorizam itens únicos, artesanais, tecnológicos ou sustentáveis.
- Crescimento escalável: com uma estrutura bem definida, é possível vender para vários países sem precisar de presença física em cada um deles.
- Oportunidades cambiais: em determinados cenários, trabalhar com moedas estrangeiras pode ampliar a margem de lucro.
- Parcerias internacionais: colaborações com fornecedores, distribuidores e marketplaces abrem caminho para alianças estratégicas.
Tipos de empresas que atuam no comércio internacional
Existem diversos modelos de atuação no setor de importação e exportação. Conheça os principais:
Trading companies
Para que a exportação e a importação de produtos ocorram de forma legal e eficiente, é fundamental contar com empresas habilitadas e preparadas para atuar nesse tipo de operação comercial. É aí que entram as trading companies, empresas especializadas na intermediação de negociações internacionais.
Elas podem atuar com produtos próprios ou representar outras marcas, cuidando de processos que vão desde a negociação até a liberação alfandegária.
Vantagens:
- Know-how completo em comércio exterior e burocracia internacional
- Capacidade operacional robusta, adequada para grandes volumes
- Ideal para empresas que desejam terceirizar processos complexos
Desvantagens:
- Necessidade de capital inicial elevado para estruturação
- Responsabilidade integral pelos riscos logísticos e regulatórios
- Requer equipe especializada e estrutura jurídica sólida
Agentes de exportação (brokers)
Os agentes de exportação, ou brokers, são profissionais ou empresas intermediárias que representam fabricantes e os conectam a compradores internacionais. Podem trabalhar com comissão ou taxa fixa, facilitando o acesso de pequenas empresas ao mercado externo.
Vantagens:
- Baixo custo inicial, ideal para quem está começando
- Evita envolvimento direto com processos burocráticos
- Flexibilidade de atuação com múltiplos mercados e clientes
Desvantagens:
- Menor autonomia sobre a negociação e controle da experiência do cliente
- Dependência da rede e competência do agente
- Riscos de alinhamento entre marca e representação no exterior
E-commerces com operação internacional
O e-commerce com operação internacional é modelo é voltado para marcas que desejam vender diretamente ao consumidor final por meio de lojas virtuais próprias, com logística internacional integrada. Plataformas como a Shopify permitem criar lojas com meios de pagamento globais, integração de fretes, idiomas e moedas locais.
A FuelTech, marca brasileira de soluções em performance automotiva, começou sua trajetória com foco no mercado nacional e, com planejamento estratégico, ampliou sua atuação para diversos países. Hoje, com operações também nos Estados Unidos, a marca exporta seus produtos para dezenas de mercados na América do Sul e Europa, consolidando-se como uma referência global em tecnologia para performance veicular.
Vantagens:
- Controle total sobre marca, experiência do cliente e margem de lucro
- Escalabilidade com baixo custo operacional e sem fronteiras físicas
- Possibilidade de criar relacionamento direto com o consumidor internacional
Desvantagens:
- Exige conhecimento em marketing digital, logística e atendimento internacional
- Demanda investimento inicial em tecnologia, branding e estrutura de e-commerce
- Complexidade na gestão fiscal e regulatória em diferentes países
Como escolher o melhor modelo de negócio
Se você pretende atuar no comércio internacional, o primeiro passo é entender qual modelo faz mais sentido para o seu perfil de negócio: abrir uma trading company, atuar como broker ou montar um e-commerce próprio com operação global?
Essa escolha depende diretamente dos seus objetivos, recursos e do público que deseja alcançar. Veja os principais pontos que devem orientar essa decisão:
- Produtos com potencial internacional: quais itens você pretende vender ou comprar? Há demanda e boa margem de lucro?
- Capital disponível: trading companies exigem investimento maior para estrutura e equipe. Já brokers e e-commerces podem começar com capital mais enxuto.
- Experiência e estrutura: se você busca agilidade e prefere terceirizar burocracias, uma trading pode ser a melhor opção. Se quer atuar como representante direto de produtores, pode ser uma boa alternativa é atuar como agente de exportação (também conhecido como broker). Já, se deseja construir uma marca internacional com controle total sobre marketing, canais e relacionamento com o cliente, o e-commerce próprio é a escolha ideal.
- Público-alvo: vender para outras empresas (B2B) ou para consumidores finais (D2C) impacta diretamente a escolha. Brokers e tradings são mais comuns no B2B, enquanto lojas virtuais são ideais para o B2C.
- Capacidade logística: avalie sua estrutura para lidar com envios internacionais ou considere parcerias logísticas para garantir eficiência.
- Modelo societário: dependendo do tipo de operação, você pode optar por LTDA ou outro formato, sempre considerando as exigências legais e tributárias.
📖 Leia mais: Venda produtos em novos mercados com o e-commerce B2B internacional
Como abrir uma empresa de importação e exportação em 6 passos
- Encontre seu nicho e elabore um plano de negócios
- Estruture o capital e registre sua empresa
- Estude o mercado e desenvolva sua estratégia de marketing
- Escolha produtos e conecte-se com fornecedores
- Prepare e organize a documentação
- Defina preços e configure sua operação comercial
Antes de iniciar sua trajetória no comércio internacional, é essencial traçar um plano com as etapas necessárias para garantir uma operação bem-sucedida. Seja para abrir uma trading company, atuar como broker ou obter as licenças exigidas para internacionalizar seu e-commerce, confira os principais passos para você começar com segurança e estratégia:
1. Encontre seu nicho e elabore um plano de negócios
Escolha um setor ou tipo de produto com o qual você tenha afinidade e que apresente potencial no mercado externo. Pesquise a viabilidade usando ferramentas como Google Trends, dados do Comex Stat, redes sociais e relatórios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Avalie a concorrência, tendências e a demanda internacional.
Com base nisso, crie um plano de negócios que inclua metas, estrutura de operação, análise de mercado, estrutura jurídica, projeções financeiras, entre outras informações. Esse documento também deve indicar eventuais registros necessários no exterior, caso você deseje atuar diretamente em outro país.
2. Estruture o capital e registre sua empresa
Formalize o negócio na Junta Comercial do seu estado, obtenha o CNPJ e registre o CNAE adequado às atividades de comércio exterior. Para atuar internacionalmente, é obrigatório obter a habilitação no sistema RADAR (da Receita Federal) e cadastrar-se no Siscomex.
O RADAR (Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros) habilita empresas a operar no comércio exterior. A partir dele, você terá acesso ao Siscomex, plataforma oficial para registro das operações de importação e exportação. A habilitação varia conforme o porte e o volume previsto para as operações.
Os custos iniciais do seu negócio podem variar de acordo com o tipo de produto, necessidade de estoque, transporte, equipe, marketing e operações, além dos gastos de abertura da empresa, registros, seguros, licenças e estrutura operacional.
Para estruturar o capital necessário, é possível utilizar recursos próprios, buscar linhas de crédito específicas para comércio exterior oferecidas por bancos públicos e privados, recorrer a investidores-anjo ou até participar de programas de fomento de agências como o BNDES, Sebrae e ApexBrasil. O importante é garantir um planejamento financeiro que cubra os primeiros meses de operação até que o negócio comece a gerar receita.
3. Estude o mercado e desenvolva sua estratégia de marketing
Defina os países com maior potencial para seus produtos. Analise exigências alfandegárias, padrões culturais, consumo, concorrência local e canais de distribuição.
Com essas informações, monte uma estratégia de marketing adaptada ao público internacional. Crie presença digital multilíngue, invista em SEO, redes sociais, plataformas de e-commerce internacional, além de buscar participação em feiras internacionais e missões comerciais da ApexBrasil ou Sebrae.
4. Escolha produtos e conecte-se com fornecedores
Essa é uma das partes mais estratégicas do negócio. Você pode importar itens promissores para o Brasil ou exportar produtos locais valorizados no exterior. Pesquise fornecedores confiáveis em diretórios como Alibaba, feiras, associações setoriais e embaixadas comerciais. Avalie qualidade, prazos, capacidade produtiva e certificações exigidas.
Também é importante estabelecer parcerias comerciais sólidas com compradores, distribuidores ou representantes no mercado externo. Para isso, utilize ferramentas como marketplaces B2B, câmaras de comércio, redes internacionais e eventos do setor.
5. Prepare e organize a documentação
Manter a documentação correta é essencial para evitar atrasos e penalidades. Os documentos mais comuns incluem:
- Fatura proforma: simula a venda com preço e condições
- Fatura comercial: documento oficial da transação
- Packing list: especifica peso, dimensões e volume dos produtos embarcados
- Conhecimento de embarque (B/L ou AWB): contrato de transporte marítimo ou aéreo
- Certificado de origem: comprova a origem da mercadoria para fins fiscais
- Licença de exportação ou importação: obrigatória para determinados produtos, regulada por órgãos como Anvisa, Ministério da Agricultura e Pecuária, Inmetro ou Ibama
- Registro no Siscomex: sistema que integra as atividades de comércio exterior
- Declaração Eletrônica de Exportação (DU-E): obrigatória para remessas acima de US$ 2.500
Trabalhar com um despachante aduaneiro ou operador logístico confiável pode facilitar muito essas etapas.
6. Defina preços e configure sua operação comercial
Precificar corretamente envolve considerar custos diretos (produto, frete, taxas alfandegárias), custos operacionais (armazenagem, marketing, equipe) e a margem de lucro desejada. Também é importante levar em conta o regime tributário escolhido para a sua empresa, que pode ser Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real.
Você pode atuar por comissão (cobrando um percentual sobre a venda), por taxa fixa ou através de um modelo híbrido. Os pagamentos internacionais geralmente envolvem antecipação, carta de crédito, cobrança documental, conta aberta ou consignação — cada um com seus prós e contras.
Comece sua jornada global com segurança
Ao seguir essas etapas, você estará pronto para dar os primeiros passos no comércio internacional de forma segura, planejada e profissional. Este é um setor com enorme potencial para quem deseja crescer além das fronteiras.
Perguntas frequentes sobre empresa de importação e exportação
Qual o investimento inicial necessário para abrir uma empresa de importação e exportação?
Depende do modelo de negócio escolhido. E-commerces exigem menos capital do que trading companies, por exemplo. É preciso considerar custos com formalização, licenças, marketing, estoque, logística e tecnologia.
Qual modelo é mais indicado para quem está começando?
Brokers e e-commerces com operação internacional costumam ter menor barreira de entrada, exigindo menos capital e estrutura. Trading companies demandam investimentos maiores e equipe especializada.
O que é o RADAR e por que ele é importante?
O RADAR (Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros) é a habilitação necessária para operar no comércio exterior no Brasil. Ele dá acesso ao Siscomex, sistema responsável pelo registro das operações.
Essa habilitação é concedida pela Receita Federal e pode ser solicitada por pessoas físicas ou jurídicas interessadas em importar ou exportar mercadorias. Existem diferentes modalidades de habilitação — Expressa, Limitada e Ilimitada — que variam conforme o porte da empresa e a previsão de volume financeiro das operações.
Posso importar ou exportar qualquer tipo de produto imediatamente?
Não. Alguns itens requerem autorizações específicas de órgãos como Anvisa, Ministério da Agricultura e Pecuária, Inmetro ou Ibama. É importante verificar as exigências legais antes de iniciar a operação com um determinado produto.
Quais documentos são obrigatórios para exportar?
Os principais documentos são: fatura proforma, fatura comercial, packing list, conhecimento de embarque (B/L ou AWB), certificado de origem, registro no Siscomex, DU-E e licenças específicas, se necessário.
Como encontrar fornecedores ou compradores confiáveis?
Feiras internacionais, plataformas B2B, câmaras de comércio e redes de contato são boas alternativas. Avalie histórico, certificações, prazos e condições de pagamento para garantir parcerias seguras.
É possível vender direto ao consumidor no exterior?
Sim. Com um e-commerce internacional estruturado, é possível vender D2C para outros países. Plataformas como a Shopify facilitam a gestão de vendas internacionais, incluindo idiomas, moedas e frete global.