Saber como declarar impostos de pequenas empresas é uma das obrigações mais importantes e, muitas vezes, mais temidas por quem empreende no Brasil. Mesmo quem está começando agora e ainda fatura pouco precisa entender que manter as obrigações fiscais em dia é o que garante a saúde e a legalidade do negócio.
No Brasil, empresas de qualquer porte precisam lidar com impostos mensais e declarações obrigatórias. A exceção é o MEI, que tem um regime mais simplificado. Mas se a sua empresa estiver registrada como ME, LTDA ou qualquer outro modelo societário, você obrigatoriamente precisará contar com o apoio de um contador para acompanhar e realizar esse processo corretamente.
Neste guia, você vai entender quais são os impostos mais comuns para pequenos negócios, quando e como fazer a declaração, quais documentos são necessários e o que pode ser deduzido legalmente. Se você quer manter sua empresa regularizada e evitar problemas com o fisco, continue a leitura.
Quais impostos as pequenas empresas pagam no Brasil?
O tipo de imposto que a sua empresa paga depende diretamente do regime tributário em que ela está enquadrada. No Brasil, as pequenas empresas costumam se enquadrar em três regimes: Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real. Cada um tem regras específicas sobre como calcular, pagar e declarar os tributos.
O Simples Nacional é o regime mais utilizado por pequenos negócios. Ele unifica diversos tributos federais, estaduais e municipais em uma única guia de pagamento chamada DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional). A alíquota varia conforme o faturamento da empresa e o setor de atividade.
Já o Lucro Presumido é uma opção para empresas que faturam até R$ 78 milhões por ano. Nesse modelo, o governo presume um percentual de lucro sobre o faturamento, e os impostos são calculados com base nesse valor. As principais obrigações incluem IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica), CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), PIS, Cofins, ISS (para prestadores de serviço) e ICMS (para comércio e indústria).
O Lucro Real é obrigatório para empresas com faturamento muito alto ou que atuam em setores específicos, como bancos e instituições financeiras. Nesse regime, os impostos são calculados sobre o lucro efetivamente apurado, o que exige um controle contábil mais detalhado.
Independentemente do regime, outros impostos também podem fazer parte da rotina da empresa, como:
- INSS patronal (para quem tem funcionários)
- ISS (Imposto sobre Serviços, cobrado pelos municípios)
- ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, cobrado pelos estados)
Quem precisa declarar e quando?
Se você tem uma pequena empresa ativa com CNPJ, precisa declarar os impostos regularmente, mesmo que ainda não esteja faturando. Essa obrigatoriedade vale para todos os formatos de empresa (como ME e LTDA), exceto para o MEI, que tem um regime mais simplificado.
Contudo, mesmo sendo MEI, é altamente recomendado contratar um contador para ter certeza de que sua empresa está com tudo em dia e regularizada.
Empresas enquadradas no Simples Nacional devem:
- Pagar mensalmente o DAS até o dia 20 do mês subsequente ao da receita, mas quando esse dia não é útil o vencimento é adiável para o próximo dia útil.
- Entregar anualmente a DEFIS (Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais), geralmente até 31 de março do ano seguinte.
- Apurar mensalmente as receitas no sistema PGDAS-D, que calcula o valor do DAS.
Já empresas no Lucro Presumido ou Lucro Real têm obrigações mais detalhadas, como:
- Emissão mensal de DARFs para IRPJ, CSLL, PIS e Cofins.
- Declarações como DCTFweb, EFD-Contribuições, ECD e ECF, com prazos específicos ao longo do ano.
- Relatórios contábeis completos que devem ser validados pelo contador.
Em alguns casos especiais, há empresas que contam com a isenção do pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica.
São elas:
- Organizações filantrópicas;
- Organizações recreativas;
- Organizações culturais;
- Organizações científicas.
👉 Vale reforçar que a ajuda de um contador é essencial, pois ele garante que os prazos sejam cumpridos e evita que sua empresa tenha problemas com o Fisco, como multas, bloqueios ou irregularidades no CNPJ.
Passo a passo de como declarar impostos de pequenas empresas
Você já deve ter percebido que declarar os impostos corretamente é essencial para manter sua empresa regularizada e evitar cair na malha fina. Veja abaixo um passo a passo prático para cumprir as obrigações fiscais da sua empresa com segurança:
1. Organize seus documentos fiscais e contábeis
Reúna todas as informações financeiras da sua empresa: receitas e despesas do período, notas fiscais emitidas e recebidas, extratos bancários, folha de pagamento (caso tenha funcionários), e os demonstrativos contábeis elaborados pelo seu contador, como o balanço patrimonial e a demonstração do resultado. Para ajudá-lo com essa tarefa, vale a pena explorar alguns softwares de contabilidade.
2. Verifique o regime tributário da sua empresa
Seu contador deve confirmar se você está no Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real. Essa informação determina quais impostos serão pagos, como serão apurados e quais declarações você precisa enviar.
3. Utilize os sistemas da Receita Federal ou do Simples Nacional
No Simples Nacional, os tributos são apurados mensalmente no sistema PGDAS-D (disponível no portal do Simples Nacional), e o pagamento é feito por meio da guia DAS, com vencimento no dia 20.
Empresas do Lucro Presumido ou Lucro Real devem entregar a ECF (Escrituração Contábil Fiscal), e, antes dela, a ECD (Escrituração Contábil Digital), quando obrigatória. As declarações são feitas digitalmente por meio do Receitanet ou do e-CAC.
4. Preencha e envie as declarações obrigatórias
No sistema correspondente ao seu regime, informe os dados gerais da empresa, valores de receitas e despesas, e demais fichas exigidas. Após revisar tudo com o contador, envie a declaração assinando com o certificado digital, que é obrigatório para empresas fora do MEI.
5. Gere e pague os tributos
Após a apuração, gere as guias de pagamento: DAS (para Simples Nacional) ou DARFs (para IRPJ, CSLL, PIS, Cofins etc., nos demais regimes). O pagamento deve ser feito dentro dos prazos legais para evitar multas e juros.
6. Peça a revisão e acompanhamento do contador
A entrega das declarações fiscais — como o IRPJ, por exemplo — normalmente é feita pelo contador da empresa. Esse profissional é essencial para garantir que tudo esteja correto, evitar erros e manter sua empresa longe de problemas com a Receita Federal.
💡Lembrando: Empresas fora do MEI são legalmente obrigadas a contar com esse suporte contábil.
Quais documentos você precisa reunir?
Antes de você ou seu contador declarar os impostos da sua pequena empresa, é essencial ter em mãos todos os documentos que comprovam a movimentação do seu negócio. Esses registros garantem que as informações prestadas ao Fisco estejam corretas e ajudam o contador a fazer os cálculos de forma precisa — evitando erros e multas.
Veja o que normalmente é exigido:
- Notas fiscais emitidas (de vendas e serviços prestados)
- Notas fiscais recebidas (de compras e despesas operacionais)
- Extratos bancários da conta da empresa
- Relatórios de vendas (de sistemas de gestão ou da própria plataforma de e-commerce, como a Shopify)
- Comprovantes de pagamento de impostos anteriores (DAS, DARFs, INSS, etc.)
- Folha de pagamento e encargos trabalhistas (caso a empresa tenha funcionários)
- Recibos e comprovantes de despesas dedutíveis (aluguéis, softwares, marketing, transporte, etc.)
- Demonstrativos contábeis (balanço patrimonial, DRE e outros relatórios gerenciais preparados pelo contador)
Organizar todos esses documentos com antecedência facilita muito a apuração dos tributos e o envio das declarações dentro do prazo. Além disso, manter esse controle ao longo do ano é uma boa prática que ajuda na gestão financeira e no crescimento saudável da empresa.
Quais despesas podem ser deduzidas legalmente?
Em alguns regimes tributários, como o Lucro Real e, em parte, no Lucro Presumido, a empresa pode deduzir despesas operacionais para reduzir o valor dos impostos a pagar. Isso significa que certos gastos do dia a dia do negócio, quando devidamente comprovados e relacionados à atividade da empresa, podem ser usados para diminuir a base de cálculo dos tributos.
Veja alguns exemplos de despesas dedutíveis:
- Despesas com funcionários: salários, encargos sociais, férias, 13º, vale-transporte e benefícios.
- Aluguel de imóvel comercial: desde que o espaço seja usado exclusivamente para as atividades da empresa.
- Contabilidade e serviços profissionais: honorários de contador, advogado, consultorias especializadas, entre outros.
- Tecnologia e softwares: sistemas de gestão, plataformas de e-commerce, apps de produtividade e assinatura de ferramentas.
- Publicidade e marketing: investimentos em anúncios, redes sociais, criação de site, identidade visual e material gráfico.
- Despesas com logística e frete: transporte de mercadorias, armazenagem, embalagem e envio de produtos aos clientes.
- Equipamentos e infraestrutura: computadores, impressoras, móveis, máquinas e outros bens utilizados nas operações.
- Despesas com energia, água e internet: quando relacionadas ao local de funcionamento da empresa.
Vale destacar que cada despesa deve estar documentada com nota fiscal e ser compatível com a atividade da empresa. Além disso, é fundamental que todas as deduções sejam acompanhadas e validadas pelo seu contador, que saberá exatamente o que pode ou não ser utilizado para reduzir os tributos com segurança e dentro da lei.
Regularize seus impostos e foque no que importa
Declarar corretamente os impostos da sua pequena empresa não é apenas uma obrigação fiscal, é uma forma de proteger seu negócio, construir credibilidade no mercado e garantir tranquilidade para crescer com segurança. Com exceção do MEI, toda empresa no Brasil precisa contar com o suporte de um contador, que será seu aliado na organização das finanças, no cumprimento dos prazos e na redução de riscos.
Com o apoio certo e um bom planejamento, você evita problemas com o Fisco, aproveita benefícios legais e mantém sua operação saudável. E o melhor, pode focar no que realmente importa: expandir seu e-commerce, atrair mais clientes e vender cada vez mais.
Perguntas frequentes sobre como declarar impostos de pequenas empresas
Como declarar impostos de pequenas empresas no Simples Nacional?
A declaração no Simples Nacional é feita mensalmente pelo sistema PGDAS-D, onde você informa o faturamento do mês e gera a guia do DAS. Além disso, é preciso enviar anualmente a DEFIS até 31 de março. Todo o processo deve ser acompanhado por um contador (exceto no caso do MEI).
Quais empresas precisam de contador para declarar impostos?
Todas as empresas, exceto o MEI, são obrigadas por lei a contar com um contador habilitado. Esse profissional é responsável por apurar corretamente os tributos, enviar as declarações no prazo e garantir que a empresa esteja em conformidade com as regras da Receita Federal e da Sefaz estadual.
Quais documentos preciso guardar para declarar os impostos da empresa?
Notas fiscais emitidas e recebidas, extratos bancários, comprovantes de despesas, relatórios de vendas e, se houver funcionários, a folha de pagamento. Esses documentos ajudam o contador a calcular corretamente os impostos e a preencher as declarações exigidas.
O que acontece se eu não declarar os impostos da minha pequena empresa?
A empresa pode sofrer penalidades como multas, juros, bloqueio do CNPJ, inscrição em dívida ativa e até impedimento para emitir notas fiscais. Por isso, entender como declarar impostos de pequenas empresas e cumprir todos os prazos é essencial para evitar problemas com o Fisco.