Acessibilidade no e-commerce: sua loja sem barreiras para pessoas com deficiência

A internet é para todo mundo (ou deveria ser). Ela é um meio de comunicação e interação social, uma fonte de informação e entretenimento, um espaço para comprar produtos e contratar serviços, dependemos do digital para muitas tarefas do dia a dia. 

Agora imagine que, a cada site que você visitasse, cada aplicativo que você abrisse, você encontrasse algum tipo de dificuldade? O que era para ser um instrumento facilitador da sua vida em sociedade acabaria se tornando uma dor de cabeça, não é mesmo?

Pois isso, infelizmente, ainda é a realidade de muitas pessoas com deficiência. Apesar de existirem políticas públicas de inclusão digital, e apesar de até mesmo a legislação brasileira obrigar que todo o ambiente digital seja acessível, muitos donos de sites desconhecem os recursos disponíveis para garantir o acesso de todos.

Todos podemos contribuir para a acessibilidade digital. Entenda o que é essa acessibilidade, quais os padrões e regulamentações no Brasil e no mundo, e como aplicar boas práticas ao seu e-commerce para torná-lo acessível.

O que é acessibilidade na internet?

Quando falamos em acessibilidade digital, é importante considerar que todo o ambiente da web deve ser percebido, compreendido, navegável e ofereça opções de interação para qualquer indivíduo, abrangendo pessoas com deficiência auditiva, cognitiva, neurológica, física, de fala e visual.

Isso vale também para as interfaces serem acessíveis em telas menores, para pessoas mais velhas com habilidades alteradas, para dificuldades temporárias como um dedo quebrado, para situações como quando há excesso de luz ou barulho e para quem tem uma internet lenta.

Criar um site acessível significa tomar certos cuidados para que pessoas com algum tipo de deficiência ou dificuldade temporária possam não só navegar pela página como também se envolver mais ativamente com o conteúdo. É garantir que esses indivíduos tenham autonomia para usar o site e nele possam desempenhar quaisquer atividades, sem nenhum tipo de barreira.

Ao desenvolver um site acessível, você já inclui em seu projeto algumas características e diretrizes que garantam a igualdade de acesso e autonomia de uso.

Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI)

A Lei n. 13.146, de 2015, instituída como Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) considera a pessoa com deficiência “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.”

Essa definição ressalta a importância de não apenas zelar pela segurança física das pessoas com deficiência, mas também de garantir a participação de cada uma delas na sociedade, em condições iguais e plenas de envolvimento e contribuição.

Qual a diferença entre acessibilidade e usabilidade?

Enquanto a usabilidade se preocupa em tornar a experiência do usuário mais agradável, a acessibilidade torna o uso do site possível por todas as pessoas, sejam elas pessoas com deficiência ou não.

Você já deve ter visto por aí que é importante atentar para a usabilidade de seu site, também conhecida como experiência do usuário ou UX, em inglês. Muita gente acredita que a usabilidade dá conta de tornar o site mais acessível, o que não é verdade. 

A usabilidade está relacionada à forma como os usuários navegam por seu site: as informações podem ser localizadas facilmente? Os botões estão visíveis e contêm chamadas à ação (call to action) claras?

Isso significa que, para serem acessíveis, os botões do site precisam também ter cores contrastantes que facilitem a leitura por pessoas com daltonismo ou deficiências visuais, espaçamento entre letras, texto alternativo e validação sensorial por movimento.

Tanto a usabilidade quanto a acessibilidade são fundamentais para que todas as pessoas consigam desempenhar todo tipo de ação em seu site, sem encontrar impedimentos.

Por que aplicar regras de acessibilidade no e-commerce?

• Cumprir a lei. É fundamental que sua loja virtual cumpra com a Lei Brasileira de Inclusão, que declara como “obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País”, de acordo com os requisitos de acessibilidade em conteúdo e aplicações web da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);
• Evitar atitudes discriminatórias. Todas as pessoas têm o direito de acesso aos conteúdos publicados na internet de forma autônoma. A não inclusão de pessoas no acesso a um site pode incorrer em uma atitude discriminatória passível de ação legal, mesmo que o responsável pelo site não tenha ciência da falta de acessibilidade;
• Otimizar o site para ferramentas de pesquisa. Vários recursos de acessibilidade dispõem de parâmetros que otimizam o SEO, melhorando o ranqueamento do site em pesquisas online;
• Ampliar o seu público. Tornar seu site acessível significa atender um público ainda maior, aumentando suas taxas de conversão;
• Fortalecer sua marca e seus valores. A acessibilidade reforça a imagem de sua marca de forma positiva, pois mostra que sua empresa está atenta às questões que afetam a comunicação, o acesso à informação e a vida em sociedade de todos os indivíduos.

Quem é beneficiado pela acessibilidade na internet

As pessoas com deficiência no Brasil representam 8,9% da população, mais de 18 milhões de indivíduos. Idosos com 60 anos ou mais representam 18,2% da população total, ou seja, mais de 32 milhões de brasileiros nessa faixa etária. O IBGE projeta que o país pode ter 75,3 milhões de idosos em 2070.

74,18% dos brasileiros com deficiência afirmam realizar compras online. Entre os idosos, 86,5% dos conectados já usam a internet diariamente e fazer compras está entre as atividades online de 66% deles.

São mais de 40 milhões de pessoas beneficiadas pela acessibilidade na web somente no Brasil, sobrepondo os dados de pessoas com deficiência e idosos com mais de 60 anos. É importante considerar também os mais de 9 milhões de brasileiros analfabetos, que também são beneficiados com a acessibilidade digital.

Há uma pluralidade de fatores que influenciam o nível de auxílio que essas pessoas necessitam, como condições socioeconômicas e escolaridade. Um site acessível deve considerar esses fatores e todos os grupos beneficiados para ser ainda mais inclusivo e proporcionar mais autonomia para os usuários.

Diretrizes de acessibilidade web da ABNT NBR 17225 

Em 11 de março de 2025, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a NBR 17225, com o objetivo de esclarecer normas e tornar a internet mais acessível no Brasil. Essas diretrizes ajudam a garantir que sites e aplicativos sejam desenvolvidos de forma inclusiva, permitindo que pessoas com deficiência e com habilidades alteradas naveguem com facilidade e autonomia.

Uma pesquisa do Procon-SP em 2024 revelou que 69% dos consumidores com deficiência enfrentam dificuldades ao realizar compras online. Os principais desafios incluem sites mal projetados, problemas no cadastro e validação de senhas, falta de informações importantes, como a validade de produtos, e dificuldades no pagamento. 

Aqui estão os principais pontos da norma que podem agregar acessibilidade ao e-commerce:

• Contraste de cores: Garantir que textos e elementos visuais tenham contraste suficiente em relação ao fundo, facilitando a leitura.
• Texto alternativo: Incluir descrições claras em imagens e gráficos para que ferramentas como leitores de tela possam transmitir essas informações.
• Uso sensorial: Evitar depender apenas de cores, formas ou sons para transmitir mensagens ou ações importantes.
• Atalhos de teclado: Assegurar que todas as funcionalidades estejam acessíveis pelo teclado ou por sensores.
• Links descritivos: Criar links com textos que expliquem claramente seu destino ou função, facilitando a navegação.
• Acessibilidade multimídia: Oferecer legendas e transcrições para conteúdos em áudio e vídeo.

A norma ABNT NBR 17225 segue os padrões internacionais de acessibilidade da W3C. Ao aplicar essas recomendações, é possível criar experiências mais inclusivas e funcionais, beneficiando não apenas pessoas com deficiência, mas qualquer usuário que encontre limitações momentâneas ou permanentes.

Promover a acessibilidade digital é mais do que atender a uma norma — é um compromisso com a inclusão e o respeito à diversidade. Ao adotar essas boas práticas, as empresas ampliam o alcance de seus serviços e mostram que estão engajadas em construir uma internet mais justa e acolhedora para todos.

Recursos de acessibilidade para sua loja Shopify

A Shopify tem o compromisso de ser uma plataforma inclusiva, que permite e facilita o uso por todas as pessoas. Na missão de criar sites acessíveis para todos, a plataforma oferece recursos de acessibilidade a todos os lojistas, por acreditar na democratização do acesso à internet.

Os recursos de acessibilidade também ajudam os vendedores a alcançar seu público total, sem deixar nenhum cliente potencial de fora. Confira abaixo os diferentes tipos de acessibilidade oferecidos nos temas criados com base nas Diretrizes de Acessibilidade de Conteúdo da Web (na sigla em inglês, WCAG).

1. Acessibilidade de textos

• A pré-definição do contraste de cores nos temas é otimizada considerando pessoas com daltonismo ou com deficiências visuais; 
• Os títulos nas páginas são usados em ordem sequencial e não pulam níveis, para que tecnologias assistivas possam comunicar como o conteúdo é organizado;
• O tamanho e o alinhamento do texto pré-definido garante que o texto seja grande o suficiente para que todas as pessoas possam ler com conforto.

2. Acessibilidade de imagens

• É possível adicionar texto alternativo (alt text) às imagens de todos os produtos diretamente no admin da Shopify. As outras imagens do tema podem receber o texto alternativo no Editor de temas;
• Ao incluir imagens com texto, como banners, você pode inserir o texto diretamente no Editor de temas. Tecnologias assistivas como leitores de telas não conseguem ler textos que fazem parte da imagem carregada.

3. Acessibilidade de vídeos, apresentações de slides e itens interativos

• A reprodução da apresentação de slides e de vídeos não acontece automaticamente, considerando as necessidades dos clientes com pouca visão, clientes com barreiras auditivas ou clientes possivelmente suscetíveis a doenças vestibulares;
• Os temas da Shopify são adaptados para que os menus de navegação sejam acessados por clique e não por rolagem de mouse. Quando o menu só é aberto ao passar o mouse, as tecnologias assistivas não conseguem identificar a existência de submenus. 
• Nossos temas também não permitem a customização do acesso ao menu para garantir que todas as pessoas tenham acesso a essas informações.

4. Compatibilidade do teclado

• Todos os elementos interativos em um tema Shopify apresentam um indicador visual claro quando equipados com foco do teclado. Esses elementos incluem links, botões e campos de formulário para que clientes com deficiência visual ou motora possam usar o teclado para navegar e realizar tarefas online.

Não deixe de conferir nossa Central de ajuda para saber mais detalhes sobre esses recursos de acessibilidade para temas.

Seu e-commerce é inclusivo com a Shopify

As empresas também devem ser responsáveis por tornar o acesso a espaços virtuais fácil e possível para todos.

Os ambientes virtuais, dos quais muita gente depende para se comunicar ou para realizar tarefas diárias, ainda apresentam muitas barreiras para o acesso democrático. Mas aos pouquinhos isso pode mudar.

Você, como lojista, tem a chance de ajudar nosso país (e, por que não, o mundo) a se tornar um lugar mais acolhedor e justo para todos.